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quarta-feira, novembro 11, 2009

FiLoSoFaNdO

O conceito de certo e errado varia de ser humano para ser humano. Crescemos absorvendo informações e conceitos pré-estabelecidos pela sociedade. O certo é certo porque passamos a vida acreditando que assim é, o mesmo acontece com o errado.

Notadamente, muitas condutas são realmente "certas" e outras realmente "erradas", mas merecem esta denominação pura e simplesmente porque causam não em apenas uma, mas em várias pessoas, uma reação negativa, de tal sorte, que é impossível não taxar.

A moral e a ética servem justamente para nortear a sociedade, de forma que existam menos conflitos entre os homens. O certo e o errado, configuram as bases para que a moral e a ética encontrem sua formação e razão mais profunda.

Desde a antiguidade o homem se preocupa com esses conceitos e compara seu comportamento de forma a analisar onde se encontra. Não raro é impelido a constatar que possui uma moral transgressora, e considerando inúmeros códigos de conduta criados por si próprio, percebe sua fragilidade e hipocrisia diante de suas próprias criações.

No íntimo do homem, ele sabe que existem posturas morais que não pode assumir sem causar a si próprio algum mal. A explicação para isso é que: temos consciência de que precisamos nos importar com o próximo (e nesse ponto, falamos de exemplos e sobre a própria imagem que passamos), mas adotar essa ou aquela conduta correta muitas vezes significa ferir a si próprio, ignorar os próprios desejos e inclinações.

Transgredir é dar um passo em direção a quebra de uma corrente, significa enfrentar um medo, medo do incerto, medo do inseguro e das consequeências que uma conduta pode ocasionar. Transgredir uma regra da sociedade é um mal, mas e transgredir a si próprio se abstendo das próprias crenças e percepções? A resposta é quase imediata... Significa ser egoísta, mas paira sobre a mente humana ainda mais um problema:
Quando nos levantamos pela manhã, o primeiro olhar é nosso, quando nos machucamos, a dor é nossa, quando ficamos felizes, a felicidade é nossa, e inúmeras outras sensações, são do homem e ninguém mais pode compartilhar. Somos um universo dentro de nós mesmos, um universo que precisa ser explorado.

A etica e a moral inúmeras vezes torna o ser humano tão comunitário, que ele esquece que primordialmente é apenas um, com emoções únicas, desejos únicos, com percepções inseparáveis da alma que possui. Transgredir a si próprio também é ato de enganar e trair... trair a si próprio tem consequências graves, pois... quem sentirá esta traição senão o próprio ser que sofreu das angustias esculpidas em sua mente?

É necessário equilíbrio em tudo... agir com responsabilidade em relação ao coletivo é dever humano, mas configura dever humano também cuidar de sí, pois quem não cuida bem de si, e não valoriza os próprios desejos e sonhos, muito dificilmente valorizará os sentimentos do outro.

Pensar sobre os conceitos fundamentais da consciência humana é navegar no legado que restou a humanidade... peregrinar num mar de incertezas e dúvidas, medos e pontes.

Não é atoa que Platão ao escrever o mito da caverna advertiu sobre o que acontece com quem ousa voltar à caverna e relatar o que é realmente o mundo, o filósofo é perseguido e morto pela comunidade, pois a sua verdade, àquela verdade oculta pelo véu do mundo das idéias que projeta apenas a sombra das estatuetas... é uma verdade de difícil compreensão e aceitação pela maioria das pessoas, e é sempre mais fácil ignorar as dificuldades quando não temos consciência suficiente para compreendê-las.

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