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quarta-feira, novembro 15, 2006

futuro retrato

Sobre o futuro


Um dia eu terei que aceitar
Que não posso titular minhas
As estrelas do firmamento
E terei que olhar o sol
Não mais com a inspiração poética
De ontem e de agora
...terei que compreender
Que a beleza das rosas
Não mais poderá me seduzir
E terei que parar
De caminhar pelas ruas
Tentando ver velhas lembranças
De tempos
[que como antes]
não voltam mais
Precisarei sentir que o calor
aquece mais que o metal exposto

E terei que olhar no meu próprio rosto
Cada marca que o tempo deixou
E esse dia de martírio
Também será dia de riso incontido.

E se acaso eu vier a sentir um nó na garganta
Tomarei o néctar
Do desejo que em mim se realizou
Deixar-me-ei queimar
Pelas chamas ardentes
Que um dia o amor incendiou em mim...

Olharei para trás com a certeza
De que não poderei mais
Iludir-me com estradas para frente
Já não haverá mais tempo de caminhar por elas

Restar-me-á o saldo
De ainda que mal ter um dia caminhado.
Ter um dia desejado possuir as estrelas
Ter admirado o sol
Ter me deixado seduzir pelas rosas
Ter caminhado pelas ruas descompromissadamente
E poder olhar que as marcas do tempo
São marcas que contam para a história.


Kethlene Vanzeler

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